Resenha: As Aventuras Científicas de Sherlock Holmes, de Colin Bruce

"É preciso fazer com que os teóricos se mantenham honestos. Se um homem brilhante não é capaz de explicar claramente um assunto para seus semelhantes mortais, isso é muito provavelmente um sinal de que ele próprio de fato não o compreende. Não tenha medo, Watson: haverá sempre um papel para homens de sólido senso comum, firmemente enraizados no mundo prático. E portanto haverá sempre um lugar nessas investigações para pessoas como você e eu." (Sherlock Holmes, pg 244 e 245)


Diversas vezes a ciência foi tomada por novos experimentos que provocaram um resultado tão paradoxal, que fez com que as teorias antes plenamente aceitas tivessem que ser abandonadas para dar lugar às novas ideias. E é justamente esse o objetivo do livro As Aventuras Científicas de Sherlock Holmes: apresentar as mudanças de paradigmas científicos ao longo dos tempos, principalmente os da nossa física moderna.


Entretanto, a proposta de Colin Bruce vai bem além disso. Ele voltou-se para o público leigo não especializado em física, explicando diversos mistérios da ciência que perturbaram teóricos de todo o mundo durante séculos. E fez isso brilhantemente.

O autor tomou emprestado personagens de As Aventuras de Sherlock Holmes (Sir Arthur Conan Doyle) e com eles criou diversas aventuras, fazendo com que enquanto nos divertimos com as histórias intrigantes e misteriosas que cercam os crimes investigados por Sherlock Holmes e seu inseparável colega Watson, vamos tendo acesso a diversas teorias da física, que antes aparentemente complexas e assustadoras para o público leigo, aqui são expostas de uma maneira extremamente simples e clara.


Impressiona também o tratamento que o autor dedicou à Teoria da Relatividade, tema infelizmente ainda desvalorizado nas escolas brasileiras, tendo apresentado as ideias centrais de uma forma tão sutil, que até mesmo leitores que nunca tiveram o mínimo contato com a física conseguem compreendê-las.

Outros temas importantes como a conversão de energia, a radioatividade e o movimento browniano também ganharam destaque nas aventuras de Holmes. A hipótese de mundos múltiplos, mesmo que ainda misteriosa para cientistas atuais, também é discutida no Caso dos mundos perdidos. Até mesmo nosso conhecido Gato de Schrödinger fez uma participação especial no Caso da praia deserta.



Além de já ser desenvolvida por meio de uma linguagem muito simples, a obra de Colin Bruce é recheada de ilustrações que ajudam o leitor a compreender melhor as investigações.


Talvez esse seja o grande mérito da obra: mostrar ao público não especializado que mesmo que a física moderna possa parecer amedrontadora, todos devem tomar parte dela; os mistérios que envolveram e ainda envolvem a ciência não devem ser interesse de apenas alguns teóricos, mas sim da sociedade como um todo.