Resenha: Grandes Esperanças, de Charles Dickens


O livro “Grandes Esperanças”, de Charles Dickens, conta a história de Pip, um garoto órfão que foi criado pela irmã megera em meio à pobreza. Porém, certo dia ele recebe a notícia de ser herdeiro de uma grande fortuna proveniente de um benfeitor misterioso. Após isso, conforme vai amadurecendo, Pip se esforça para se destacar na sociedade e se tornar um cavalheiro digno da atenção de Estella, uma bela jovem por quem ele era apaixonado desde a infância. Entretanto, a origem obscura da fortuna de Pip acaba afetando de maneira drástica todas as pessoas ao seu redor.

O livro foi originalmente publicado em formato de folhetim no All the Year Round, entre dezembro de 1860 e agosto de 1861. Além disso, “Grandes Esperanças” foi uma das últimas obras publicadas por Charles Dickens. Por conta disso, foi possível notar que o autor realmente estava no auge de sua forma, produzindo um livro muito complexo e reflexivo.

Uma das coisas que eu mais gostei nesse livro é a forma como o autor desenvolveu seus personagens. Dickens claramente não tentou criar uma simpatia imediata do leitor por eles, desenvolvendo-os gradualmente ao longo da história, de forma muito sincera... Há momentos em que você se compadece por eles e há momentos em que você sente raiva deles.

E esse certamente é um dos grandes pontos fortes do livro, pois ele tem como um de seus focos o caminho de redenção de seu personagem principal. Você o acompanha desde sua infância humilde e sofrida, depois observa-o renegando suas origens para tentar se encaixar num mundo que não o pertencia, para logo depois ver ele tentando se redimir por seus erros.

Afinal, não somos nós assim também? Às vezes lemos livros em que o personagem já parece “ter nascido pronto” para a vida... Livros sempre dividindo as pessoas entre vilões e mocinhos, como se os mocinhos nunca errassem ou os vilões nunca pudessem se redimir. Nesse livro de Dickens você não verá isso. Todos os personagens têm um contexto de vida que faz o leitor compreender por que ele age dessa ou daquela forma em determinadas situações e fazendo até mesmo que sintamos empatia por eles. Todos eles têm qualidades e defeitos que vão sendo construídos ao longo da história, não sendo apenas criaturas estáticas inseridas no enredo.

Por conta da história única e do desenvolvimento primoroso de seus personagens, “Grandes Esperanças” é considerado até hoje um dos grandes clássicos da literatura mundial. Recomendo a leitura a todos vocês!